À medida que o mundo segue em direção a avanços tecnológicos sem precedentes, a natureza do trabalho está evoluindo de maneiras profundas. Até o ano de 2050, muitos conceitos de hoje, como "escritório", "equipe", "deslocamento diário", "tarefas", "projetos", entre outros, podem ser reimaginados ou até mesmo tornar-se obsoletos, enquanto novas formas de trabalhar podem surgir de tecnologias ainda não inventadas.
Com a automação, a inteligência artificial (IA) e a conectividade digital acelerando em ritmo vertiginoso, a forma como as pessoas trabalham, onde trabalham e quem — ou o quê — trabalha está passando por uma grande transformação. Este artigo explora possíveis futuros, baseando-se em pesquisas relevantes e em um estudo recente realizado entre usuários da plataforma de espaço de trabalho on-line Bitrix24, para fornecer um panorama de como as próprias pessoas estão imaginando o cenário de trabalho em 2050.
Pesquisas e previsões sobre o futuro do trabalho
A especulação sobre o futuro do trabalho tem cativado pesquisadores, tecnólogos e formuladores de políticas há muito tempo. Um recente relatório sobre o futuro dos empregos do Fórum Econômico Mundial (2023) previu que quase 85 milhões de empregos poderiam ser substituídos por máquinas até 2027, enquanto 97 milhões de novas funções, mais adequadas à nova divisão de trabalho entre humanos, máquinas e algoritmos, poderiam surgir.
A McKinsey & Company projeta que, até 2030, até 30% da força de trabalho global poderia ser forçada a mudar de ocupação devido à automação. A IA é frequentemente posicionada no centro dessa transformação. Ferramentas como ChatGPT, a robótica autônoma e plataformas de machine learning (aprendizado de máquina) não estão apenas auxiliando em tarefas, mas cada vez mais substituindo o trabalho cognitivo que antes se pensava ser exclusivo dos humanos.
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) argumentam que o impacto da IA será sentido de forma mais aguda em empregos baseados em conhecimento, alterando fundamentalmente setores que vão desde finanças até saúde. Essas previsões, no entanto, levantam tantas perguntas quanto respostas.
- Como a sociedade se adaptará?
- O futuro do trabalho oferecerá mais liberdade e flexibilidade, ou será caracterizado por maior vigilância e insegurança?
- A IA remodelará nossos hábitos de trabalho de forma irreversível, ou será adotada de forma orgânica?
Para abordar essas incertezas, é essencial ouvir não apenas os especialistas, mas também os próprios trabalhadores.
Visão dos usuários: insights do espaço de trabalho on-line Bitrix24
Para entender melhor como as pessoas reais imaginam o futuro do trabalho, uma pesquisa foi realizada entre os usuários do Bitrix24, um espaço de trabalho on-line de alcance global usado por profissionais de diversas indústrias, desde varejo e consultoria até indústrias e setor público.
Oito perguntas-chave sobre as expectativas de trabalho em 2050
Os participantes foram convidados a responder a uma série de perguntas prospectivas sobre o trabalho no ano de 2050. Os resultados revelam uma mistura complexa, mas fascinante, de otimismo, pragmatismo e imaginação. Abaixo, analisamos esses achados à luz de tendências globais mais amplas.
A resposta mais popular foi "3 a 4 dias" (50,16%), seguida por "5 dias ou mais" (28,48%) e "2 dias ou menos" (21,36%). Isso sugere que muitos trabalhadores antecipam uma mudança para semanas de trabalho mais curtas, talvez devido a maiores eficiências impulsionadas pela IA ou a mudanças nos valores sociais em torno do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
O movimento pela semana de trabalho de quatro dias, já em teste em países como a Islândia, pode ganhar força globalmente até 2050.
Quase metade dos entrevistados (49,19%) acredita que a IA oferecerá assistência significativa, enquanto apenas 10,36% esperam assistência mínima. Isso reforça a narrativa de que a IA será uma parte integrante dos futuros locais de trabalho — não necessariamente substituindo trabalhadores por completo, mas profundamente incorporada nas tarefas diárias.
Esses resultados alinham-se com previsões da Deloitte e da PwC, ambas prevendo que modelos híbridos de colaboração humano-IA se tornarão a norma.
Enquanto 36,89% esperam trabalhar de casa, um intrigante percentual de 20,39% prevê uma mudança para escritórios em realidade virtual. Isso sugere um futuro onde as restrições espaciais são eliminadas e ambientes imersivos se tornam padrão.
Também ressoa com o crescente investimento no metaverso e tecnologias de computação espacial por empresas como Meta e Apple.
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Metade dos entrevistados ainda imagina uma mistura de reuniões virtuais e presenciais (50,16%), indicando um valor contínuo colocado na interação face a face, mesmo com a evolução da tecnologia. Curiosamente, 15,86% acreditam que fones de ouvido com tradução em tempo real se tornarão comuns, um potencial divisor de águas para a colaboração global.
A comunicação holográfica também ganhou destaque (25,24%), remetendo a cenários de ficção científica que podem em breve se tornar realidade.
As respostas aqui foram notavelmente fragmentadas. Veículos autônomos (24,60%) e transporte público inteligente (24,60%) lideraram a lista, refletindo uma crença dual em conveniência e sustentabilidade. O fato de o transporte tradicional ainda ter obtido 22,98% mostra que nem todos estão convencidos de uma mudança iminente, enquanto opções mais futuristas, como jetpacks (6,15%), sugerem que alguns entrevistados se inclinam para especulações mais ousadas.
Aproximadamente um terço (33,33%) disse que a automação total era "altamente provável", enquanto 39,81% discordaram. O restante (26,86%) estava incerto. Essa distribuição cautelosa destaca as emoções mistas em torno da segurança no emprego em um cenário dominado pela IA.
Isso reflete a ansiedade atual do mercado de trabalho, especialmente nos setores administrativos, de atendimento ao cliente e de serviços administrativos.
"Integração natural de ferramentas de IA em projetos de equipe" (46,60%) foi a principal resposta, sublinhando a crença de que a IA se tornará uma parte invisível e indispensável do trabalho em equipe. Enquanto isso, 13,92% imaginaram interfaces cérebro-computador como uma ferramenta de comunicação, indicando abertura para modos de colaboração de ponta, até mesmo transumanos.
Assistentes virtuais de IA (43,37%) e IA onipresente (32,36%) dominaram as respostas. Isso sugere um futuro em que a IA é tanto visível (por meio de interfaces) quanto ambiental (operando silenciosamente em segundo plano). A ideia de assistentes de trabalho robóticos e companheiros de IA semelhantes a humanos também aponta para uma relação cada vez mais antropomórfica com a tecnologia.
Discrepâncias regionais e interpretações: entendendo visões divergentes sobre o futuro do trabalho
Embora os dados globais da pesquisa do Bitrix24 ofereçam uma visão geral das expectativas para o trabalho em 2050, um olhar mais atento às respostas regionais revela importantes diferenças culturais, econômicas e de infraestrutura que moldam as visões das pessoas sobre o futuro do emprego. Abaixo estão quatro das discrepâncias mais pronunciadas da referida pesquisa, juntamente com possíveis explicações baseadas no contexto.
O consenso global mostra uma forte inclinação para uma semana de trabalho mais curta, com 50,16% imaginando uma semana de trabalho de 3-4 dias. No entanto:
- Na Alemanha, impressionantes 64,71% esperam trabalhar 5 dias ou mais, muito acima da média global.
- Na Itália, embora mais próxima da visão global, 42,11% também antecipam 5 dias ou mais de trabalho — bem acima do agregado mundial de 28,48%.
Possível explicação
O alto percentual da Alemanha reflete provavelmente a ética de trabalho profundamente enraizada do país e sua economia industrial bem estabelecida, onde horários estruturados e produtividade são altamente valorizados. Devido à forte presença das indústrias de produção, de engenharia e dos setores voltados para exportação, a transição para modelos flexíveis que dependem muito de automação ou de escalonamento criativo pode ser mais lenta.
Em contraste, a divisão na Itália pode refletir incerteza econômica e menor fluidez do mercado de trabalho. Os trabalhadores italianos podem antecipar a necessidade de maior comprometimento com o trabalho em um mercado onde a segurança no emprego é menos estável. Em ambos os países, as normas sociais e os modelos econômicos parecem resistir à rápida adoção de semanas de trabalho ultra-flexíveis ou reduzidas.
Globalmente, quase metade (49,19%) acredita que a IA fornecerá assistência significativa em tarefas de trabalho até 2050. Em contraste, os entrevistados da América Latina (LATAM) foram mais conservadores:
- Apenas 36,23% na LATAM preveem assistência significativa da IA, enquanto uma parcela maior (53,62%) antecipa assistência moderada.
Possível explicação
Essa cautela decorre provavelmente de disparidades de infraestrutura e de educação. Os países da América Latina podem não ter acesso tão amplo a tecnologias avançadas de IA ou infraestrutura de transformação digital quanto regiões como América do Norte ou Europa. Além disso, pode haver um ceticismo ou cautela mais amplos em relação à automação, devido ao seu potencial de agravar o desemprego ou a desigualdade em economias já vulneráveis.
Os entrevistados desta região podem ver a IA como um auxílio, mas ainda não como uma força transformadora no ambiente de trabalho.
Globalmente, 36,89% preveem trabalhar de casa, com 20,39% prevendo uma mudança para escritórios de realidade virtual (RV). Os contrastes regionais são marcantes:
- Na Alemanha, a maioria (52,94%) espera trabalhar em escritórios tradicionais, e apenas 5,88% preveem um escritório de VR como seu principal local de trabalho.
- Na Polônia, no entanto, 27,27% imaginam trabalhar em um escritório de VR, superando significativamente a média global.
Possível explicação
A preferência da Alemanha por ambientes de escritório tradicionais pode refletir a estrutura corporativa e o ambiente regulatório do país, que enfatizam muitas vezes o trabalho presencial, especialmente em setores como finanças, governo e engenharia. Além disso, preocupações com privacidade e dados prevalentes na Alemanha podem contribuir para uma adoção mais lenta de tecnologias imersivas como a RV.
A aceitação da Polônia de conceitos futuristas de local de trabalho pode estar ligada à sua força de trabalho mais jovem e antenada em tecnologia, combinada com esforços agressivos de modernização digital nos últimos anos. Com um ecossistema de startups em crescimento e investimentos crescentes em infraestrutura de TI, os entrevistados poloneses podem estar mais abertos — ou até mesmo entusiasmados — com inovações não tradicionais no espaço de trabalho.
Uma grande divergência aparece na probabilidade percebida de automação de empregos:
- No Brasil, 39,52% acreditam que suas funções têm alta probabilidade de serem automatizadas, percentual acima da média global.
- Na Alemanha, apenas 11,76% compartilham dessa preocupação, enquanto uma maioria dominante de 82,35% acredita que a automação total é improvável.
Possível explicação
Os entrevistados brasileiros podem estar mais conscientes do potencial da automação para substituir empregos em setores de menor qualificação, mais prevalentes em economias emergentes. Em um país onde o emprego informal é comum e a volatilidade econômica é alta, a IA pode ser percebida menos como uma oportunidade e mais como uma ameaça à segurança no emprego.
Por outro lado, a confiança da Alemanha decorre provavelmente de seu forte sistema de treinamento vocacional, proteções trabalhistas robustas e liderança do país na integração da IA como uma ferramenta, em vez de um substituto. Também é provável que haja uma maior confiança nas estruturas regulatórias e corporativas para gerenciar as transições de IA de forma responsável, sem levar a perdas de emprego em massa.
Considerações finais sobre nuances regionais
Essas disparidades regionais sublinham uma verdade importante: o futuro do trabalho não é monolítico. Embora as tendências globais forneçam uma visão direcional, os valores culturais locais, as estruturas econômicas e os níveis de maturidade tecnológica influenciam profundamente como os trabalhadores imaginam seus futuros profissionais.
À medida que formuladores de políticas e líderes empresariais se preparam para 2050, eles devem levar em conta essas diferenças — não apenas para adaptar estratégias, mas para garantir que a IA e a automação beneficiem a todos, independentemente da geografia.
Conclusão
Embora as previsões sobre o futuro do trabalho muitas vezes se inclinem para o abstrato ou especulativo, a pesquisa com usuários do Bitrix24 oferece uma perspectiva fundamentada, mas imaginativa. Os entrevistados, na maioria, imaginam um futuro de flexibilidade, onde semanas de trabalho mais curtas, ferramentas com automação de IA e formas híbridas de comunicação moldam a vida profissional.
Embora a incerteza permaneça — especialmente em relação à automação e à substituição de empregos — o tom geral é de otimismo cauteloso. À medida que nos preparamos para 2050, será crucial alinhar o progresso tecnológico com os valores humanos, garantindo que o futuro do trabalho seja não apenas eficiente, mas também equitativo e gratificante.
Sobre o Bitrix24
O Bitrix24 é um espaço de trabalho on-line gratuito projetado para ajudar as empresas a passar pela transformação digital e gerenciar vendas, clientes e funcionários como se já fosse 2050. Desde 2012, mais de 15 milhões de empresas em todo o mundo abraçaram o futuro da colaboração on-line com o Bitrix24.
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Mergulhe ainda mais fundo – baixe os gráficos do nosso estudo em PDF. Leia o estudo Trabalho do futuro: panorama 2050.
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